Segue um texto que está circulando pelos emails dos diversos cursos do campus com uma opinião pessoal sobre o encontro de ontem onde os professores discutiram, entre outras coisas, a reposição de aulas.
Os que estiveram presentes na "extraordinária" reunião dos professores nessa quarta-feira (10/11/2010) entenderam o desabafo.
Obrigados – pelos professores
Eu gostaria de dizer obrigado. Devo admitir que sentia nojo na grade parte das assembleias que estive presente ao ver o discurso vazio de alguns alunos, seus argumentos alienados, sua politicagem barata, sua desorganização, seu desleixo e sua estultice; já não sou tão mais assim: conheci uma reunião mais baixa, mais tosca, mais irrefletida, mais inútil. E como eu poderia classificar de outro modo? Tanto conhecimento não serviu, tanta reflexão não apareceu, tanta luta não conveio... logo de vocês – meus caros professores... logo de vocês!? Mas, e toda a “famosa” experiência de vida que têm? cadê? Tanta “teoria crítica” – senhores filósofos (onde vocês estavam que sequer os vi?) –, tanta “construção histórica” – senhores historiadores (que desmantelaram as minhas verdades) –, tanta “qualidade educacional” – senhores pedagogos (que me sinto correto) –, tanta “transformação” – senhores cientistas (que já não posso mais ouvi-los) –, enfim, tanta “literatura” e o mundo não parece como é; na verdade, o mundo não importa quando se pode passar por cima dele: está aí o apoio! o apoio dos professores. Vale perguntar: apoiar? dizem que nos apóiam e que todas as reivindicações são justas... desde que não afetem as férias, o salário, ou qualquer outro interesse. Vale perguntar: apoiar? Sobre o quê?: parece um apoiar sim, um apoiar os pés sobre a cabeça dos alunos; e, com tanto apoio, as nossas idéias começam a afundar sob um céu de hipocrisia. E eu me afundando aqui, louco, em contradições: e eu me afundando aqui, confuso em tanta lucidez que fujo de mim para outro lugar bem longe do que refletem: onde estão? Pois, as duas semanas de reposição de aula são tanta coisa que não compensam que os alunos peçam um lugar para estudar (estranho: enquanto os jovens inexperientes querem estudar, os senhores doutores...). Mas, esqueci-me por um segundo que é mais fácil almoçar no shopping do que melhorar o restaurante universitário; esqueci-me por um segundo que é mais fácil reprovar mais de mil alunos perdendo um semestre de suas vidas do que os professores perderem duas semanas de suas férias; esqueci-me que os professores estão nos dando um “importante” exemplo: de que toda a luta possui conseqüências e derrotas (e, com isso, aprendo outra lição: devemos esperar os ataques até daqueles que estão mais próximos, até mesmo daqueles que parecem nossos aliados); esqueci-me por um segundo dos meus valores e do meu silêncio e comecei a divagar, esqueci-me por um segundo que as pessoas talvez nem saibam mais o que pode significar não ser corruptas e insignificantes. E, entre tantas besteiras que digo, encontro-me nas mais “esclarecidas”: de senhores professores se nomeando de “Alfredo” para resolver o que “causamos” (basta lembrar-se daquelas famosas propagando de papel higiênico para que o significado se esclareça), e como me entristece um professor dizer isso, por pensarem que nós alunos os vemos assim – quando, na verdade, quase todos os alunos os elogiam: seu saber, suas aulas – e, agora, dizem isso!?; e, entre os meus absurdos, eu aprendo, com os professores, que devo defender os meus direitos procurando uma base legal – até mesmo quando o assunto é repor aula. E, entre os meus absurdos, aprendo como não ser... doutor o que significa? Um dicionário de latim diz basicamente que é aquele que ensina: e tanto tenho a agradecer aos senhores professores! Porque um prédio novo é válido... mas a que preço eles se perguntaram – e eles mesmos responderam: não vale mais do que as minhas férias. Talvez, agora eu que me pergunto, eles efetivem de bom grado alguns comentários e nos ensinem ao ar livre, fresco, infelizmente devemos plantar uma árvore para que os nossos professores nos dêem aulas: eles gostaram, provavelmente, das brilhantes idéias, pois, “bons professores nós já temos”, falta-nos agora a sombra!!! Então, quando a Unifesp – Campus Guarulhos estiver concluída, quando tiver a maior biblioteca, um imenso prédio – como as maquetes criam nossas expectativas – talvez, os professores resolvam aparecer mais, talvez até defendam os alunos, talvez alguns parem de dizer que são professores da USP, talvez não tenham mais vontade de se mudar para São Paulo, talvez encarem os alunos, ouçam-nos, vejam-nos; então, tanta teoria servirá para alguma coisa: então, os filósofos perceberão que filosofar é viver, os historiadores lerão a história em seu sangue, os pedagogos sentir-se-ão realizados, os cientistas sociais terão algo para falar sobre cidadania e sociedade – caso contrário, apenas se sentiram envergonhados por sua letargia. Quem sabe assim a Unifesp deixe de ser a comédia que ela é... já que os alunos de hoje são os futuros professores! Não posso ser injusto: houve quem realmente não se enquadrasse em nada do que eu falei: mas, como, aqui, estou utilizando o método que aprendi, isto é, pura falsidade, não posso falar muito deles: desculpem-me! dos que devíamos falar... Porém, tão poucos que conto nos dedos, mas foram estes poucos que me ensinaram qual é o verdadeiro significado de tudo isso. A eles, agradeço sinceramente. Aos outros muitos, devo dizer que, se os elogiei alguma hora, era ironia... desculpe a minha ingenuidade, vocês já devem ter percebido isso. Mas, mesmo assim, obrigado senhores muitos doutores: novamente agradeço: vi qual professor devo ser, qual doutor devo ser – pois vi como não devo agir!
pessoal, não sei a origem da carta, nem convem saber, mas, fato que ela esta circulando nos emails... de todos os cursos...
ResponderExcluirCarlinhos, coloquei a fonte no início do texto pois como o comentário não aparece na página principal parece que foi vc o escritor.
ResponderExcluirOntem não consegui chegar a tempo para assistir este encontro, mas conversei com algumas pessoas que tinham estado por lá e a sensação de desânimo era a mesma que o da carta.
Mas penso que devemos ser um tanto críticos ao ler estes desabafos e ao ver estas assembléias para não deixarmos nos conectar a um clima de ressentimento.
Pelas incertezas que geram, as greves são momentos muito delicados, pois os mais apavorados ao olhar para o horizonte e ver um futuro turvo começam a caçar os culpados.
Um professor que se programou para viajar em janeiro, o mês de suas férias, pode sentir que a greve lhe ameaça um direito trabalhista e passa a rechaçar os estudantes grevistas.
Um estudante que passou em concurso e precisa estar formado até dia 31/01, pode começar a se sentir revoltado contra os professores que não querem repor aulas em janeiros e contra os estudantes que querem manter a greve.
Um estudante que ficou de fora do auxílio estudantil e faz um curso como o de filosofia, que é um parto para conseguir estágio, defende a greve com unhas e dentes e sente que qualquer um que pegue o microfone para defender o fim da greve é um egoísta.
Enfim, a greve é um conflito mais complexo do que estudantes <> reitoria e conflitos assim podem causar muitos efeitos colaterais se a gente não mantém a cabeça fria e amplia as capacidades de diálogo.
Posso afirmar categóricamente que :
ResponderExcluir1.O e-mail existe, e foi direcionado aos professores e servidores presentes na assembléia de ontem.
2.Contém apenas os dizeres "Os que estiveram presentes na "extraordinária" reunião dos professores nessa quarta-feira (10/11/2010) entenderam o desabafo". E só, mais nada !
Todo o restante do "Desabafo" foi criado e redigido por outro apenas nesse blog. que pegou carona no assunto da mensagem e quis também "dasabafar", mas preferiu atribuí-lo a terceiros.
...e assim nasce o DIZ-QUE-ME-DIZ, o boato, as estórias que o povo conta...
ResponderExcluirOi Afrânio,
ResponderExcluirNão sei porque ficou tão irritado com a postagem, mas lhe comento que Carlinhos, quem postou o texto não esteve na faculdade ontem, logo, não teria motivos para escrever o tal desabafo o que invalida a sua afirmação de que alguém do blog foi o escritor.
A mensagem está devidamente identificada como desabafo, ou seja, uma opinião pessoal que deve ser lida com cautela, sem ser tomada como a narrativa de um fato.
Mas caso você sinta que a mensagem peca porque interpretou o ocorrido ontem de forma equivocada, escreva sua opinião, isso cria um contraponto e enriquece o debate de opiniões.