fonte: Barricadas
Quase 500 estudantes lotaram o R.U. Central na noite desta quinta-feira (4) e para a Assembleia Geral dos Estudantes convocada pelo DCE UFPR. O debate se deu em cima da Greve dos servidores (técnicos-administrativos e docentse da UFPR) e também em uma pauta de reivindicações apresentada pelo DCE, estruturada a partir do debate realizado no Conselho de Entidades de Base (CEB) da última segunda-feira (1). Com a casa cheia, em uma votação emocionante, a massa dos estudantes decidiram entrar em greve, com apenas três votos contrários e uma abstenção.
Na abertura da assembleia o DCE passou a fala aos convidados servidores do Sinditest-PR e da Apuf-PR. Carla Cobalchini, dos técnicos-administrativos, fez um resgate da luta na categoria que está em Greve Nacional desde 15 de junho. Carla explicou que um dos motivos da Greve é que o Governo Federal sequer aceita receber a categoria para negociar "para nós a educação é essencial, mas não é para o Governo porque se fosse ele já teria negociado e valorizado o profissional da educação".
O presidente da ApufPR, Professor Luiz Allan, fez sua fala trazendo a notícia de que a assembleia dos docentes por 250 votos aprovou indicativo de greve "a direção do Sindicato foi atropelada pela base que queria fazer greve, o que é algo ótimo".
Wagner Tauscheck, diretor do DCE e acadêmico de história, fez um histórico da construção do Diretório, que acompanhou a luta dos técnicos desde o início e se empenhou em levar um debate politizado sobre Greve no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e de mobilizar os estudantes em plena férias para participar de uma Assembleia, que se mostrou um grande acerto com a quantidade de participantes e a qualidade do debate. Também do DCE, o estudante de C. Sociais Harethon trouxe a importância de pautas como a moradia, e o caráter exploratória das bolsas-permanência, além de fazer um resgate de lutas na UFPR, em especial da Greve de 2001 que garantiu a abertura do R.U. a noite, a passarela Botânico-Politécnico, fim das taxas no NAA, entre outras coisas.
O mesmo tom do debate colocado pelo DCE, Fórum dos Coordenadores de Curso e outros conselheiros quando decidiram adiar as em uma semana as aulas, foi colocado pelos estudantes: não basta termos um meio de fazer a matrícula, o que está se debatendo é garantir uma universidade pública, gratuita e de qualidade, que passa pela valorização dos seus profissionais e também pela garantia de outras pautas.
Estudante de matemática e técnico-administrativo do Comitê Local de Greve, Márcio esclareceu "não entramos em greve porque temos o pior salário do serviço público, mas porque neste momento tramita um projeto de Lei que visa privatizar o Hospital das Clínicas e isso nós não podemos aceitar".
Os estudantes de pós organizados no Fórum de Estudantes de Pós-Graduação (FEPG) também marcaram presença. Marcelo, do Mestrado em Educação, apresentou o Fórum "nós somos um setor totalmente prejudicado com o Reuni que para nos dar bolsa exige contrapartidas ridículas que visam substituir o trabalho dos TAs e dos professores".
Falas especialmente emocionantes foram as que trouxeram a situação dos campi Palotina e Litoral. Resultado do Reuni, Palotina em dois anos passou de 1 para 6 cursos "a comunidade acadêmica hoje representa praticamente 10% da população da cidade o que encarece muito o mercado imobiliário e, sem Casa de Estudante, dificulta nossa permanência" relatou Celso, estudante de Tecnologia em Biocombustíveis.
Diversas falas trouxeram a situação do litoral, onde a situação da moradia também é extremamente grave. Durante as férias os estudantes são expulsos de suas casas em Matinhos, devido à especulação imobiliária na temporada que cobra alugueis abusivos de mais de R$ 100,00 por dia.
Após diversas falas as pautas apresentadas na assembleia foram incorporadas à pauta apresentada pelo DCE. Além disso foi encaminhado um Comando Local de Greve que se reúne pela primeira vez nesta seta-feira (5) às 19h. Além disso foram encaminhadas a realização de assembleias locais (de curso e setoriais), a primeira reunião do Fórum de Bolsistas que irá ocorrer na próxima quinta-feira, a incorporação das pautas do FEPG às pautas da Greve, a realização de espaços de formação e culturais, além da construção de um grande Congresso Estudantil entre 2 e 4 de setembro.
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